terça-feira, 17 de janeiro de 2017


Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
E a minha triste boca dolorida,
Parece-me que foi numa outra vida...
Esbate as linhas graves e severas
Que dantes tinha o rir das primaveras, E cai num abandono de esquecida!
O meu rosto de monja de marfim...
E fico, pensativa, olhando o vago... Toma a brandura plácida dum lago
Ninguém as vê cair dentro de mim!
E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Florbela Espanca

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